O que Tolstói falou sobre as famílias na frase de abertura de Anna Karenina vale também para o mundo corporativo. As empresas felizes são muito parecidas entre si e as infelizes são infelizes cada uma a sua própria maneira.

Empresas felizes têm produtos e serviços que são compreendidos e admirados por seus clientes. Têm profissionais que entendem o que fazem e por que fazem. Têm uma identidade clara e uma boa reputação junto à sociedade. Sabem identificar bem a sua missão, os seus valores e objetivos estratégicos. Têm uma sintonia ‘mágica’ com o cliente – o atual e o futuro. São flexíveis a ponto de mudar de rumo muito antes da aproximação do iceberg.

Empresas felizes têm produtos e serviços que são compreendidos e admirados por seus clientes. Têm profissionais que entendem o que fazem e por que fazem.

Helvio Falleiros

Empresas felizes sorriem, ganham direito, geram dividendos para os acionistas, atraem e retêm talentos e gente bem qualificada, que não pensa só no contracheque do final do mês. Empresas felizes pensam no futuro, olhando e agindo no presente.

Mas nosso tema aqui não são as empresas felizes. Elas fornecem um bom contraste para falarmos do universo das empresas infelizes, que são infelizes cada uma a sua própria maneira. Não necessariamente elas trabalham no vermelho. Muitas são assustadoramente lucrativas. Mas são infelizes. E o seu futuro é incerto.

É importante começar olhando para a equipe, seja ela formada por meia dúzia ou por seis mil profissionais. Esse pessoal sabe direito o que está fazendo? Sabe o que empresa faz? Entende as coisas? Compreende o cliente? Empresas infelizes têm equipes infelizes, improdutivas ou absurdamente competitivas, no limite da autofagia.

Empresas infelizes enxergam um mundo que ninguém mais vê: ou já passou, ou nunca irá chegar. Esse viés está na raiz de ruinosas ações: lançamentos mal sucedidos, serviços que ninguém mais quer, soluções que ninguém procura. Há solução?

O caminho da virtude é como a transposição do deserto pelos hebreus, liderados por Moisés. Pode não durar 40 anos, mas é longa e difícil. Mas é possível. Grandes e pequenas empresas passaram por isso e chegaram do outro lado. O importante é compreender a situação e iniciar os primeiros e redentores passos. O sol nasceu para todos.

Imagem: Dmitrii_Guzhanin/iStock.com