Informação de qualidade, veiculada por profissionais e veículos que atuam segundo critérios técnicos consagrados, constitui um ativo precioso para a sociedade, especialmente nos momentos de crise como acontece hoje com a pandemia do coronavírus. Levando isso em conta, a Jeduca (Associação dos Jornalistas de Educação) realizou o webinário “A importância do jornalismo em tempos de pandemia e desinformação”, mediado pelo jornalista Antônio Gois.

O encontro ocorreu no dia 4 de maio. No dia anterior (3) foi comemorado o Dia Mundial da Liberdade de Imprensa. E  nessa mesma data jornalistas do Estadão foram agredidos e xingados durante a cobertura que faziam da manifestação em apoio ao governo Jair Bolsonaro e contrária ao Congresso Nacional e ao Supremo Tribunal Federal, realizada em Brasília.

“Uma imprensa livre e independente é um dos pilares de uma sociedade democrática”, explicou Marlova Noleto, diretora e representante da Unesco no Brasil, logo no início do encontro. “Precisamos reafirmar ainda mais o papel que exerce o bom jornalismo em situações de crise como a que estamos vivendo”.

Apurar, checar e verificar são papéis do jornalista. “A informação não pode ser consumida da forma como ela chega”, diz Marlova. Um dos passos para o combate da desinformação é, justamente, o de aprender como funcionam os meios de comunicação.

Para ela, a educação midiática da sociedade é fundamental e urgente. É preciso que as pessoas entendam a diferença entre um post nas redes sociais e uma matéria publicada em jornal, compreendam que as matérias resultam de entrevistas com diversas fontes e que tudo é devidamente checado e rechecado antes de merecer a publicação ou veiculação.

A crise citada por Noleto no webinário diz respeito não apenas à pandemia do coronavírus. Ela citou também as críticas violentas à imprensa, os ataques e ameaças sistemáticas a jornalistas e as estratégias de desinformação usadas por agentes sociais poderosos. Na visão da diretora da Unesco, tudo isso reduz a confiança da população em relação aos profissionais de imprensa.

A palavra-chave do encontro foi essa: desinformação. O biólogo e divulgador científico Atila Iamarino percebe claramente o movimento de criação de notícias falsas e o clima de desconfiança em relação às informações científicas e técnicas.  Ele apontou um exemplo claro. “Argumentar que a pandemia não está acontecendo, como afirmam muitos, atrasa a adoção de medidas que tem uma implicação direta na redução do número de vítimas”, diz.

Além disso, há ainda o ensino e a popularização da ciência, que sofrem com as notícias falsas. Disseminadas rapidamente, elas pegam muitas pessoas desprevenidas e influenciam na formação de uma opinião, muitas vezes equivocada, sobre determinado assunto.

Com a velocidade e a quantidade excessiva de informações disponíveis, todos se sentem ‘capazes’ de opinar sobre quase tudo. “Mas o conhecimento científico não pode virar achismo”, completa Marlova. “Precisamos estar sempre atentos e prontos para combater a desinformação e permitir que a evidência científica fale sempre mais alto”.

Alícia Fim 
SP. 6 de maio de 2020