O Brasil tem 500 anos de vida e quase 200 de história independente – sem contar os milhares de anos em que os nativos habitaram essas terras. A julgar pelas paixões políticas despertadas na esteira da recente crise, parece que tudo é mais importante que a Nação: o partido, o sindicato, a seita, a facção, o bloco. E, no entanto, partidos nascem e morrem. Ideias políticas não sobrevivem à cruel passagem dos anos. Só a Nação permanece viva. Ou pelo menos viva por um tempo que suplanta o embate de várias gerações.

As certezas sectárias não duram mais que um punhado de meses, quem sabe anos. Mesmo as mais resistentes não ultrapassam algumas décadas. A verdade se impõe aos poucos, inexoravelmente. Não a verdade absoluta, que busca explicar tudo. E sim a verdade parcial, complexa, que vai e vem como o movimento das ondas.

É preciso pensar no país além das estreitas fronteiras que separam partidos, famílias, pessoas.

Helvio Falleiros

Nem mesmo o chamado “veredito da história” é definitivo. Olhamos para o passado com o olhar do presente. E vemos esse passado sempre de forma diferente a depender do que aprendemos, do que vivemos, de nossas experiências e sofrimentos.

Deixemos, pois, em ‘banho-maria’ as nossas certezas sectárias, partidárias, ideológicas. A ilusão da certeza é a cegueira da visão. O Brasil não cabe inteiro em nenhuma das correntes que hoje se digladiam. É preciso pensar no país além das estreitas fronteiras que separam partidos, famílias, pessoas.

Para compreender o novo mundo que se avizinha, é preciso ter postura mais flexível, adaptada e adaptável às incríveis transformações que ora se processam em escala global. Amarrar a Nação na âncora do passado é querer aprisionar o país na gaiola do tempo. Além de inútil, é um absurdo desperdício de energia.

A Nação está acima das paixões. Acima dos partidos. Acima das correntes de opinião. E estamos todos “dentro” dela. Haveremos de encontrar formas civilizadas de convivência entre os contrários, entre os diferentes. Seja qual for a nossa cor política, somos todos brasileiros. E ‘habitamos’ a mesma língua.

Amarrar a Nação na âncora do passado é querer aprisionar o país na gaiola do tempo. Além de inútil, é um absurdo desperdício de energia.

Helvio Falleiros

Que a poesia de Camões, Pessoa, Drummond, Rosa e Clarice fulmine nossas cabeças e nos faça bons ouvintes, sagazes contempladores da existência, hábeis intérpretes das humanas diferenças, seres conscientes de nossas virtudes e de nossas incomensuráveis falhas. Amém!

Helvio Falleiros