Colégios e escolas particulares vivem no olho do furacão desde sempre. Com as redes sociais, as escolas estão ainda mais sujeitas a episódios inesperados que podem causar sérios abalos em suas reputações. Exemplo recente de grande potencial explosivo envolveu o tradicional Colégio Andrews, do Rio de Janeiro, uma centenária e respeitada instituição.

Um professor de geografia do colégio elaborou prova para alunos do 8º ano. Uma das questões, ilustrada por uma charge rústica e grotesca, comparava judeus a nazistas, em detrimento dos primeiros. Um dos estudantes, descontente com o que tinha à frente, postou uma foto da prova (apresentada a seguir) em uma rede social.

Foi o suficiente para deflagrar um natural movimento de repulsa e repúdio ao gesto do professor, que envolveu inclusive a Federação Israelita do Rio. O presidente da Federação, Jayme Salomão, foi ao Colégio – e foi recebido pela direção do Andrews.

Tudo parecia conspirar contra a escola. A grande surpresa foi a rápida e exemplar reação da direção da instituição, que demitiu o professor, visitou todas as salas para tratar do assunto e deu iniciou a um movimento interno para expor os horrores do holocausto.

Mais do que isso. O diretor do Andrews, Pedro Flexa, recebeu a imprensa, falou com jornalistas, deu entrevistas à TV, reconhecendo a falha de escola com a máxima clareza e transparência, porém com muita serenidade e equilíbrio. Veja o seu comportamento nesta reportagem exibida pela Globo News.

A reputação é o principal patrimônio de uma empresa. Trabalhar para preservá-lo é tão importante quanto apostar na qualidade pedagógica.

Helvio Falleiros

Diante desse quadro, algumas reflexões podem ser feitas:

  • Todas as escolas estão sujeitas a casos assim – ou piores
  • É melhor estar preparado. Isso significa ter um plano bem definido e claro para situações de emergência, que envolvam ações dirigidas ao público interno (alunos e famílias) e ao público externo, especialmente imprensa.
  • A direção da escola precisa assumir a liderança do processo, ainda que apoiada por assessores internos ou externos.
  • Transparência é o nome do jogo. É melhor assumir o erro conhecido do que lançar-se em terreno nebuloso, tentando ocultar fatos ou controlar versões. Isso dá espaço para suposições ainda mais negativas do que o próprio fato gerador do problema.

O bom exemplo do Colégio Andrews ainda não é comum entre as escolas brasileiras, que quase sempre são apanhadas de surpresa e não contam com nenhum plano de contingência. A reputação é o principal patrimônio de uma empresa. Trabalhar para preservá-lo é tão importante quanto apostar na qualidade pedagógica.

Imagem: imtmphoto/iStock.com